terça-feira, 26 de outubro de 2010

eu vejo você

de tempos em tempos, ele pergunta à ela:

- o que vê em mim?
- tanta coisa...
- tanta coisa o que?

suave e, sem pressa, ela enumera.

- meu olhar ultrapassa o homem de sonhos simples; de fala pausada; de lógica cortante; de inteligência acentuada; das relações humanas; da pirraça; do riso solto; do rock'll; do mar... vejo o que, talvez, poucos vêem. vejo o amor e me vejo refletida nele.

ele sorri com a boca, com os olhos e dispara.

- eu vejo você.

por você e pelo que somos juntos, derramo aqui o meu amor. à nós, o dia de hoje.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

assassinando a gramática

que beleza! acabo de me dar conta que, pelas normas da língua portuguesa, o nome do blog está incorreto. o uso adequado do título é "entre mim e você". não soa bem, mas é o correto. metida a redatora e revisora de português, não fiz consulta prévia à gramática e agora terei que alterar o nome desse espaço... só não sei como ainda.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

as cariocas

a noiva do catete: tentativa tímida de reprodução de "a vida como ela é", mas sem o ritmo e o clímax das narrativas rodriguianas. fake a pretensão de uma mulher devastadora. no episódio, a mulher age por meio das circunstâncias, é impulsionada àquelas situações: devoção ao noivo paraplégico por tê-la salvo em um assalto; situação financeira ruim, solucionada por um "padrinho"; realização afetiva com o garoto apaixonado e submisso. as mulheres de nelson rodrigues são mais substanciais, justamente, porque seus dilemas não passam por condicionamentos sociais. mulheres rodriguianas são movidas pelo desejo e ponto. são, essencialmente, perturbadoras.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

no palco

entre ensaios de despedidas e despedidas reais, há sempre um palco escuro à espera da estréia. e, apesar de veterana, novos roteiros assustam.

hoje, somei, à saudade que já me é inerente, novos personagens e cenas: nanda e a partida que me parte; tom e o adeus que se impõe.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

vestida de medo

me ocorre, por ora, que seus receios diziam muito menos dela e mais daqueles à sua volta. vestia-se de medo para estar presente. e, ausente, desbravava terras do sem fim. tão mística quanto a cigana que lhe tomou em batismo. tão descrente quanto as almas suicidas. suspira e encerra o dia, retirando de cima dela a couraça do medo. amanhã, ele lhe servirá novamente.

sábado, 2 de outubro de 2010